Já fizemos um post contando sobre como foi a viagem até San Pedro de Atacama. Agora vamos falar sobre os lugares que conhecemos lá e os passeios que fizemos com o nosso carro, sem agência. Muitas pessoas nos perguntam como são as estradas por lá, então se você está pensando em fazer essa viagem, este post é para você.

1ª dica: Em todos os lugares o horário de funcionamento segue um padrão até as 17h, alguns lugares você demora muitas horas para conhecer e aproveitar. Cuidado com os passeios que fará na parte da tarde, eles não permitem a entrada caso esteja próximo do horário de fechamento (aconteceu com a gente).

Alguns pontos importantes, já no caminho, na estrada, a altitude começa a elevar e a mudança de temperatura é bem grande. Além disso, com o elevação, o nosso corpo já começa a sentir os primeiros sinais dessa mudança. Dentro do carro não sentimos quase nada, mas cada vez que descemos, já era possível sentir falta de ar e um pouco de tontura.

A orientação é aclimatar nos primeiros dois dias, fazendo apenas passeios leves e por perto. Esse período seria suficiente para o organismo se adaptar e não sofrer tanto, mesmo assim você ainda vai sentir o desconforto, porém não impedirá de conhecer os lugares incríveis que o deserto reserva.

Nossa dica de roteiro para os primeiros 2 dias: Dê um passeio a pé mesmo pelo centrinho, a cidade é bem pequena, com algumas voltas você conhece o principal, a praça central, a igreja, a rua Caracoles, que seria o centro de compras, restaurantes e empresas de turismo.

Tudo que você precisa tem lá. Nesse dia, nós aproveitamos para fazer o câmbio, após muita pesquisa, conseguimos trocar.

Roteiro: 1º dia – Museo do Meteorito – passeio pela cidade.

2º dia – Passeio de bike ou caminhando até Pukará de Quitor – Valle de la luna e Valle de la Muerte (da pra fazer de bike também)

3º dia – Lagunas escondidas e magic bus (ônibus abandonado no deserto)

4º dia – Geyser del Tatio – churrasquinho de lhama na volta

Museo do Meteorito: Para quem se interessa pelo tema, o museu fica bem próximo ao centro da cidade. O mais interessante, do nosso ponto de vista, foi aprender a detectar um meteorito de verdade. Também foi muito legal ver os diferentes tipos e formatos, ficamos realmente encantados.

Ainda no centro, você pode alugar bicicletas para passear pela região. Algumas pessoas vão até o Vale de la luna de bike, nós achamos mais puxado esse e fomos até Pukará de Quitor.

Chegando lá, você deixa a bicicleta estacionada e segue a pé pelas ruinas, o caminho é bem demarcado.

Pukará de Quitor é um sítio arqueológico do século XII com vista para os vulcões da região, o passeio todo demora cerca de 2 a 3 horas. São duas trilhas, uma mais leve de 20 min e outra mais pesadinha, mas a vista compensa.

Dica importante para esse passeio, leve pelo menos 1l de água, protetor solar e proteção para a cabeça. Nós ficamos o tempo todo de chapéu. O clima é seco e o sol é muito forte.

Outras opções de passeio leve para o período de aclimatação é o Valle de la Luna e Valle de la Muerte. Fomos de carro, e passamos da entrada, acabamos indo nos dois, mas por fora. Pela estrada há um recuo para estacionar, é um mirante e também dá pra ir costeando o vale por cima caminhando. O Valle de la luna, como o nome já diz, são formações que lembram a superfície da lua. É bem bonito, principalmente se você esperar o entardecer para ver o sol se pôr.

Seguindo a mesma estrada poucos km a frente está o Valle de la Muerte, uma formação bem diferente, visto de cima parece um vale com formações rochosas, algumas pontiagudas, outras formam um grande cânion onde dá pra ver as diferentes camadas e no meio de tudo, dunas.

Lá no fundo está o carro, a estrada era bem ruim, aquele foi o ponto máximo onde conseguimos chegar, depois seguimos caminhando.

Vale lembrar que os dois passeios fazem parte da mesma estrutura, mas entramos por lugares diferentes sem saber.

Magic bus ou ônibus perdido: Queríamos muito conhecer este lugar do ônibus, e se possível passar a noite lá. Mas como ele não tem uma localização exata e também não há uma estrada definida para chegar, a melhor opção é ir através de uma agência num veículo 4×4. Fomos até uma das lagunas, mas já passava das 16h quando chegamos lá e não pudemos entrar. Na entrada nos informaram que não havia tempo hábil para visitação ida e volta até as 17h. Ficamos muito chateados, primeiro por não conseguir ir, segundo porque a estrada era muuuuito ruim, demoramos mais de 1 hora no trajeto indo bem devagar e batendo tudo pra nada. Então vimos um micro onibus de turismo desviando o caminho e tivemos a brilhante ideia de seguir, já imaginávamos que o destino final seria o magic bus, mas também se não fosse, já tínhamos perdido a viagem até ali mesmo. E não é que era mesmo? Foi bem difícil chegar, quase nos perdemos tentando acompanhar, muitas pedras, muitos desvios e chegamos. Esse passeio nós orientamos que você vá com guia. E de preferência em um 4×4.

Geyser del Tatio: Segundo os mais experientes, você deve deixar este passeio para o último dia, pois a diferença de altitude é grande. Você sai de 2.400m acima do nível do mar em SPA e vai para 4.300m nos geysers. Nesse dia acordamos por volta das 3h da manhã para sair as 4h em direção ao Geyser del Tatio. Esta é uma das principais atrações da região, fica aproximadamente 80km de San Pedro de Atacama, porém a maior parte do caminho é de rípio, uma estrada bem pedregulhosa. O fenômeno da água borbulhando do chão acontece ao amanhecer, entre 6h e 7h da manhã. Por isso tem que sair beeeem cedo. Lá a temperatura cai muito e como precisa sair ainda noite é muito frio e só piora no caminho. Lembrando que fizemos essa viagem em janeiro, auge do verão. Durante o percurso a temperatura chegou a marcar -8º. Quando chegamos ainda não tinha sol, foi o momento mais frio da viagem, aos poucos conforme os primeiros raios foram surgindo foi melhorando. Uma senhora que trabalha lá nos contou que chega a -20º no inverno. O local é enorme, a vista é linda, cada cantinho mais lindo que o outro. É uma experiência incrível, não tem como não fazer esse passeio.

Só os olhos de fora ;D

Até esse ponto foi tudo bem, um pouco de desconforto pelo frio e pela altitude, mas nada que umas folhas de coca bem mascadas não amenizasse. A coisa começa a piorar quando resolvemos subir um vulcão por conta própria. Pegamos a estrada para voltar e vimos que tinham alguns pontos que tava para uma espécie de estrada secundária, mas não era bem estrada, estava mais para uma trilha, então fomos com o carro desviando de pedras enormes e fazendo um caminho, seguindo o app de gps offline MapsMe. Pelo mapa postrava um vulcão bem longe, mas fomos indo até ondo o carro conseguisse. Mais algumas subidas e descidas a Bruna começa a passar mal. Chegamos até um ponto com o carro e teríamos que literalmente largá-lo ali e sair caminhando. A essa altura, cada passo já era um sofrimento absurdo. Ela não falava mais de tanta dor na cabeça, ânsia de vômito, tontura, falta de ar, tudo junto e misturado. Andamos mais um pouco e não teve jeito, tínhamos que voltar. Não tinha mais como seguir. Estávamos com um amigo que fizemos em San Pedro, ele seguiu mais um pouco a trilha para ver onde ia dar, e enquanto isso esperávamos ele e tudo acontecia ;P

Hoje é bem engraçada essa história, mas foi muito tenso. Uma foto para ilustrar o quanto estávamos no meio do nada.

Depois da desilusão por não subir um vulcão, um churrasquinho de lhama caiu bem.

Alimentação: Por ser um local muito turístico, o custo da alimentação acaba ficando pesado, nós levamos muitos alimentos daqui do Brasil não percíveis, como, massa, arroz, bolachas, biscoitos.. Lá no Atacama fazíamos o café da manhã e a janta no camping e encontramos um lugar com um custo-benefício muito bom. Eles vendem um frango assado muito gostoso, com arroz e batata frita, entre outras opções. Uma porção com 1/4 de frango que é equivalente a 1/2 frango nosso serve tranquilamente 2 pessoas. Aqui está a foto do lugar:

La parada del desierto.

Cambio: Não é o mais indicado trocar lá em San Pedro, porém, no nosso caso não tínhamos muitas possibilidades, já que cruzamos a fronteira pelo Paso de Jama e a primeira cidade é San Pedro. Quem vai de avião, ou de ônibus, troca na cidade de Calama e o pessoal acaba conseguindo um câmbio melhor.

Por fim, gostaríamos de te agradecer por ter lido até aqui. Dizer que é possível fazer uma viagem como essa num carro de passeio. Conhecemos alguns viajantes que também foram assim como nós e nos inspiraram muito.

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